Muito já se tem investigado e escrito sobre a natureza e as diferenças entre as matemáticas produzidas e/ou mobilizadas nas práticas cotidianas, no currículo escolar e nos estudos acadêmicos. Poucos, porém, como é o caso deste livro, ousam estabelecer um diálogo cultural, didático-pedagógico e científico entre esses modos e instâncias de produção e veiculação de conhecimentos matemáticos. De fato, os trabalhos desta coletânea nos mostram que esse diálogo pode ser estabelecido de múltiplas formas e com diferentes perspectivas e recursos, podendo valer-se de aportes teóricos e científicos oriundos de diversas áreas de conhecimento tais como a lingüística, a história, a matemática, a pedagogia, a antropologia social e a etnomatemática. As formas e contextos desse diálogo compreendem: discussões e investigações de práticas matemáticas em contextos não-escolares, tendo como perspectiva de análise o numeramento-letramento e a etnomatemática; perpassam práticas escolares regulares ou de educação de jovens e adultos (EJA); e atingem, inclusive, os contextos de formação inicial e continuada de professores que ensinam matemática. Dentre os recursos que podem ser mobilizados para esse diálogo, o leitor encontrará histórias infantis, jogos de tabuleiro e de computador, mapas conceituais em ambiente computacional, narrativas, matemática oral, resolução de problemas e livros didáticos de diferentes épocas.Trata-se, enfim, de uma obra produzida por pesquisadores reconhecidos pela comunidade brasileira de Educação Matemática que traz contribuições importantes à área, sobretudo novas compreensões sobre o processo de produção e significação de saberes matemáticos em contextos escolarizados e não-escolarizados. Dario Fiorentini, FE/Unicamp.